quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Refrigerantes têm efeitos catastróficos sobre dentes

A erosão dental pode ser definida como o resultado físico de uma perda de tecido duro da superfície dos dentes provocada por ácidos e/ou quelantes, sem o envolvimento de bactérias. Os resultados podem ser catastróficos para a saúde bucal, uma vez que perdas de tecido podem gerar sensibilidade, dor e má aparência. Além disso, a restauração do esmalte e/ou dentina perdidos é difícil, onerosa e requer contínuo acompanhamento. Os refrigerantes aparecem como um dos principais causadores de erosões dentárias e, por isso, Cláudia Fushida e Jaime Cury da Universidade Estadual de Campinas resolveram avaliar o efeito da frequência de ingestão de refrigerante na erosão de esmalte-dentina e estudar a capacidade biológica da saliva na reversão das alterações.
Para tanto, foram utilizados dentes bovinos, a partir dos quais se prepararam blocos de esmalte e dentina radicular adequados para determinação de microdureza superficial. Nove voluntários, utilizando dispositivos intraorais palatinos contendo quatro blocos de esmalte e quatro de dentina, participaram do trabalho em quatro etapas, nas quais Coca-Cola foi ingerida de uma a oito vezes ao dia. Os fatores responsáveis pela erosão podem ser extrínsecos, intrínsecos ou idiopáticos. Erosão extrínseca é o resultado de ácidos de origem exógena, por exemplo, o contido nos refrigerantes. Intrínseco são os ácidos produzidos por vômitos, regurgitação e refluxos recorrentes. Idiopáticos são ácidos de origem desconhecida.
Os resultados mostram que, em função da frequência de ingestão de refrigerante, a porcentagem de perda de dureza foi de 18,7 a 27,9 para o esmalte e de 24,6 a 32,6 para a dentina. A porcentagem de recuperação de dureza pela ação da saliva foi parcial, variando de 43,6 a 35,6 para o esmalte e de 40,5 a 34,6 para a dentina. Segundo a equipe, “houve também uma correlação significativa entre a frequência de ingestão de Coca-Cola e a porcentagem de perda de dureza, sendo de 0,97 para o esmalte e de 0,72 para a dentina. Por outro lado, em termos de recuperação de dureza, a correlação foi negativa, -0,70 para o esmalte e -0,74 para a dentina”.
Dessa forma, os pesquisadores concluem que, dependendo da frequência de ingestão de refrigerante, há perdas proporcionais e irreversíveis da estrutura superficial tanto do esmalte como da dentina. Em função da natureza do fenômeno de erosão, somente medidas de promoção de saúde bucal poderiam contribuir para o seu controle. Deste modo, orientação para reduzir a frequência de contato dos dentes com refrigerantes, alimentos ácidos ou medicamentos é o conselho mais lógico e efetivo.
Fonte: Odontologika.uol.com.br