quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Perfil do CD brasileiro tem resultados prévios

Previsto para ser publicado em janeiro de 2010, o Perfil do Cirurgião-dentista Brasileiro – Perspectivas Atuais e Tendências, elaborado pelo Observatório de Recursos Humanos em Odontologia da USP a pedido do Ministério da Saúde, deve ter seus resultados preliminares apresentados no próximo dia 24 de outubro. A ABO auxilia no processo participando das reuniões propostas pelo ministério e fornecendo informações sobre os cursos da entidade, que tem a maior rede de educação continuada odontológica do País.

A pesquisa tem o objetivo de averiguar quantos profissionais atuam no País, como se distribuem geograficamente, quanto ganham e outras informações que vão ajudar a entender a Odontologia contemporânea e suas perspectivas. Segundo dados preliminares, cerca de um terço dos 220 mil cirurgiões-dentistas do Brasil, 72,5 mil, estão no município de São Paulo, enquanto em centenas de cidades não há nenhum desses profissionais. Para o vice-presidente nacional da ABO, Luiz Roberto Craveiro Campos, as informações do Perfil podem ajudar na busca de soluções para esse e outros problemas. “O levantamento é importante porque nos ajuda a entender como a Odontologia brasileira vai se comportar daqui para a frente. É o trabalho de um ano, desde outubro de 2008, e a ABO participa desde o início. Foi uma coleta de dados ampla sobre os cirurgiões-dentistas brasileiros, as características do grupo, o mercado de trabalho”, explica. O vice-presidente do CFO, Ailton Rodrigues, acredita que os resultados do trabalho ajudarão a Odontologia a “avançar com qualidade, para melhoria da saúde bucal da população”.

A coordenadora da pesquisa, Maria Celeste Morita, enfatiza que “o mapeamento vai balizar políticas públicas, distribuindo melhor os cirurgiões-dentistas pelo País e melhorando o controle de dados para evitar cadastros duplos”. A expectativa é compartilhada pela diretora de Gestão de Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad. “As informações de que vamos dispor serão de extrema relevância na tomada de decisões na gestão, já que o cirurgião-dentista é peça fundamental na equipe básica da saúde da família, junto ao médico e ao enfermeiro. Também serão importantes na formulação de políticas de formação desses profissionais.” Para o presidente da Associação Brasileira de Ensino Odontológico (Abeno), Orlando Ayrton Toledo, “o trabalho parece fácil, mas é complexo e servirá como ponto de partida para uma série de resoluções de problemas da Odontologia nacional”.

O levantamento completo seria divulgado no próximo dia 25 de outubro, Dia Nacional do Cirurgião-dentista e da Saúde Bucal, mas Ana Estela Haddad admitiu, por conta da complexidade do processo, que os dados dificilmente estarão consolidados até a data.

Ministério da Saúde anuncia R$ 53,1 milhões para saúde bucal e 96 novos CEOs

O Ministério da Saúde anunciou, no último dia 7 de outubro, investimento de R$ 53,1 milhões para ampliar o atendimento em saúde bucal da população brasileira no Sistema Único de Saúde (SUS). O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante o I Encontro Nacional de Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs) e Equipes de Saúde Bucal (ESBs) da Estratégia Saúde da Família, realizado em Brasília (DF), quando foram comemorados cinco anos de Brasil Sorridente. A ABO Nacional participou do evento e dá suporte ao Ministério da Saúde na realização do levantamento epidemiológico em saúde bucal SB-Brasil 2010, que será iniciado oficialmente até o fim do mês.

A nova verba anunciada será utilizada, entre outras medidas, na criação de 96 novos CEOs – R$ 4,5 milhões para construção dos centros, mais R$ 789,8 mil mensais de custeio em 2009. O Ministério da Saúde também pretende suprir a necessidade de prótese dentária no País: a meta é sair dos atuais 350 laboratórios de prótese dentária para 550 até o final de 2010. Todas as ESBs também vão receber o referente a um consultório, o que representa 100% de aumento na verba repassada para a implantação, além da verba que é enviada para a manutenção. O ministério vai determinar em que os municípios deverão aplicar os recursos – entre outras definições, serão especificados que tipos de equipamentos podem ser adquiridos.

Segundo o coordenador nacional de Saúde Bucal, Gilberto Pucca Jr., “O objetivo é melhorar as condições de trabalho do cirurgião-dentista e ampliar a quantidade de procedimentos realizados pelas ESBs, para que elas possam resolver mais problemas de saúde bucal”. Dessa forma, espera-se que as equipes passem a encaminhar menos pacientes para os CEOs, contribuindo para a diminuição das filas nos centros. “É um crescimento das ESBs maior do que as metas do ministério já propunham”, enfatiza Pucca, para quem “os investimentos vão fazer crescer o mercado de trabalho para cirurgiões-dentistas e auxiliares entre 20% e 30%”.

SB-Brasil 2010 - Ainda no Encontro, foi anunciado oficialmente o levantamento epidemiológico SB-Brasil 2010, que avaliará as condições de saúde bucal dos brasileiros. Já neste mês, o Ministério da Saúde dará início aos exames do levantamento, realizado em parceria com a ABO Nacional. “Criamos uma Política Nacional de Vigilância Sanitária e o SB-Brasil é um instrumento desta política. Queremos que a cada 10 anos seja feito este levantamento. O SB-Brasil não é uma avaliação da política, ele serve para monitorar a política permanentemente, para acompanhar o impacto epidemiológico. Esperamos que o levantamento também seja assumido por Estados e municípios, e o Ministério da Saúde se colocará à disposição para ajudar”, afirmou Pucca. O SB-Brasil 2010 é coordenado pelo cirurgião-dentista Ângelo Roncalli, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O I Encontro Nacional de CEOs e ESBs da Estratégia Saúde da Família reuniu mais de 800 pessoas, que atuam em todos os Estados brasileiros. Todos os debates e discussões aconteceram em plenárias, envolvendo os participantes. Segundo a organização do evento, o objetivo é qualificar o Brasil Sorridente, avaliando seus avanços e necessidades, para que o programa possa crescer com qualidade.

Novos CEOs – Os novos centros serão criados em 18 Estados: Alagoas (2), Amazonas (1) Bahia (11), Ceará (7), Goiás (3), Maranhão (2), Minas Gerais (8), Pará (7), Paraíba (12), Pernambuco (2), Piauí (5), Paraná (3), Rio de Janeiro (12), Rio Grande do Norte (1), Rio Grande do Sul (1), Santa Catarina (2), Sergipe (2) e São Paulo (15).

“Os novos centros devem atender a população mais carente, permitindo tratamento bucal adequado, evitando milhares de extrações de dentes e reforçando a inclusão social no País. Desde que o Programa Brasil Sorridente foi criado, em dezembro de 2002, cerca de três milhões dentes deixaram de ser extraídos entre a população usuário do SUS”, comemora Gilberto Pucca Jr. Atualmente, 88 milhões de pessoas vivem em áreas cobertas por ações e serviços de saúde bucal da rede pública.

Os CEOs são divididos em três tipos. Do total de serviços credenciados, 49 são do tipo I (com três cadeiras odontológicas); 39 do tipo II (de quatro a seis cadeiras); e 8 do tipo III (com no mínimo sete cadeiras). Atualmente, são 675 centros; com as novas unidades, serão 771, garantindo tratamentos endodônticos e periodontais, atendimento a pacientes com necessidades especiais, cirurgia oral menor e diagnóstico de câncer bucal. Serão destinados R$ 4,5 milhões para construção e mais R$ 789,8 mil mensais para custeio. O trabalho nos CEOs complementa o das ESBs, responsáveis pelo primeiro atendimento ao paciente.

Mais informações: www.saude.gov.br